FÍSICA

Escolas carecem de professores capacitados

Se os jovens Isaac Newton, Copérnico e Einstein fossem recém-formados nos dias de hoje, talvez dessem aulas de Física em escolas públicas e colégios particulares para garantir seu sustento. Na UFF, a grande maioria dos estudantes que se formam em Física conclui as formações de bacharelado e licenciatura. É uma forma de conciliar as opções de magistério e pesquisa.

O licenciado torna-se professor do ensino médio e não costuma encontrar dificuldades para lecionar devido à insuficiência de profissionais capacitados a dar aula de Física. A coordenadora do curso de graduação, a professora Isa Costa, endossa a visão. "Existe uma carência de bons professores de Física no ensino médio, nas diversas redes de ensino. Nos concursos públicos do Rio de Janeiro, as vagas para Física raramente são preenchidas.

O bacharel em Física vive outra realidade. Ele é o pesquisador iniciante. Seu caminho natural é continuar os estudos no mestrado e doutorado. Publica trabalhos de pesquisa em revistas científicas conceituadas e participa de congressos para divulgar os resultados de suas investigações.

O maior mercado só se abre quando ele conclui o doutorado, já com 27 anos no mínimo. Ele concorre a uma vaga de professor-adjunto em alguma Instituição de ensino superior. Até o momento ele terá sido bolsista da CAPES ou do CNPq. Outras opções, com ofertas mais reduzidas, são as instituições públicas que realizam pesquisa em Física ou áreas afins, como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Observatório Nacional (ON), o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Ainda há possibilidade de trabalho na área médica, após um curso de especialização ou mestrado em Dosimetria das Radiações no Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Rafael Mardi, 20 anos, do quarto período, conta que veio do Espírito Santo para estudar na UFF. Ele diz que sempre sentiu afinidade pela Física, mais pela Física pura do que pelas suas aplicações, e enfatiza sua vontade de ser pesquisador. "O mercado de trabalho para o pesquisador no Brasil é complicado. Mas a pessoa, querendo dar aula, encontrará muito espaço em escolas do ensino médio e cursinhos de pré-vestibular. Quem escolhe a pesquisa geralmente sai do país. Tem muitos convênios para o exterior", informa Rafael.

- Eu não dispenso a profissão de professor. Sei que provavelmente darei aula também, mas a minha preferência é por ser pesquisador. Tenho a pretensão de ir para a Alemanha. Lá tem bastante mercado e incentivo à pesquisa.

Em termos de conteúdo, a última reforma curricular, aprovada em 2001, tratou de diminuir as diferenças entre as duas titulações, possibilitando uma graduação mais condensada e rápida. Em cinco anos e meio o aluno sai com os dois diplomas, desde que não acumule reprovações.

As duas formações apresentam um tronco comum. Matemática, Computação, Química, História da Física, Física Clássica (teórica e experimental) e Física Moderna (também teórica e experimental) são as matérias que compõem essa base. As diferenças entre as disciplinas ministradas no bacharelado e na licenciatura se resumem a aprofundamentos de alguns tópicos da Física Moderna no primeiro e a disciplinas relativas ao ensino na segunda.

A professora Isa Costa deixa clara a preocupação de adaptar o curso às necessidades dos alunos. "Nós já passamos por três reformulações curriculares. Esta é uma característica peculiar dentro da UFF. Assim, há uma busca constante por melhores estruturas curriculares e posturas metodológicas que facilitem a aprendizagem dos conteúdos, acompanhando os desenvolvimentos científico e tecnológico".

A ex-aluna e professora Maria Franca Magalhães Feriole frisa que, desde quando estudava, só viu a graduação ganhar em qualidade de ensino e estruturação. Ela nota que cada vez o currículo está mais ajustado. "Desde 1972, ano em que a primeira grande turma de Física, da qual eu fazia parte, ingressou na faculdade, muita coisa mudou. A começar pela ordem política vigente naquele período. Nós queríamos montar um diretório acadêmico. Tivemos muitas dificuldades. Ao mesmo tempo em que éramos encorajados pelos professores, o regime militar tratava de nos cercear. Havia alunos que eram olheiros do DOPS. Diziam que ficaríamos marcados. A ficha suja comprometeria a nossa carreira profissional", lembra a professora, hoje especialista em estado sólido.

Meia volta, volver

O ex-sargento do Exército Gilberto Rubens de Oliveira Nobre, 34 anos, é um exemplo de quem consegue realizar um sonho através da universidade. Ele concluiu a licenciatura em Física no ano 2000 e abriu mão de 10 anos de carreira nas Forças Armadas para se tornar professor em três colégios: o Instituto de Educação Clélia Nanci, em São Gonçalo, a Escola Técnica Henrique Lage, no Barreto, e o Instituto Abel, em Icaraí. "Deixei um emprego público estável para viver meu sonho. Apesar de ter gostado do tempo no serviço militar, aquele não era definitivamente meu plano de vida".

Morador do bairro de Itaúna, em São Gonçalo, Gilberto Nobre revela prazer em ensinar. "A sala de aula é um espaço de troca de conhecimentos. A possibilidade de transmitir e também de aprender sempre me motivou. E eu aprendo a cada dia", frisa o ex-militar, que acalenta outro sonho acadêmico. "Pretendo fazer mestrado no ano que vem na área de Educação, talvez utilizando minha experiência em sala. Quanto ao futuro profissional, quero dar aulas na universidade".

Recém-formado, o professor arrisca conselhos para quem pretende estudar Física. "O aprendizado não se resume a decorar fórmulas matemáticas. Antes de tudo, o aluno tem de aprender a observar os fenômenos e depois transmiti-los para o papel. Procuramos não transformar o ensino da Física num bicho de sete cabeças. O objetivo da matéria é explicar os fenômenos do cotidiano. Com isso em mente, aproveitamos a observação e os conceitos do senso comum do aluno para mostrar o que a ciência tem a dizer sobre os fatos. Não há imposição do conhecimento científico".

Esta visão que o curso de Física da UFF lhe transmitiu foi muito importante, segundo ele, para o êxito no concurso para o magistério público _ ele ficou em terceiro lugar _ e também para a admissão em colégios particulares, porque revela uma concepção moderna da análise dos fenômenos físicos. "Com a carência de licenciados em Física, alguns professores de Matemática passam a ocupar este espaço e acabam exagerando nas fórmulas matemáticas", observa Gilberto.

Texto integrante da Revista Acesso UFF
(parte integrante do Kit Vestibular UFF 2003)

OBJETIVOS DO CURSO

O Bacharel em Física destina-se a participar da pesquisa em Física, devendo para isso ingressar num curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado ou doutorado).

O Licenciado em Física destina-se a lecionar Física e/ou Ciências em escolas de educação básica, podendo prosseguir estudo de pós-graduação.

O que se pretende, para as duas titulações, é formar profissionais críticos e capacitados para enfrentar situações novas.

A diferenciação entre Bacharelado e Licenciatura já se faz a partir do 1o período, com a introdução de disciplina pedagógica.

No 3o período começam as disciplinas integradoras, com tópicos de conteúdo específico e didático-pedagógicos. Em termos de detalhamentos de estudos de Física Moderna e Contemporânea, destaca-se que no Bacharelado há 4 disciplinas para tal desenvolvimento, cursadas nos 7o e 8o períodos. Abordagens históricas, filosóficas e epistemológicas da Física são consideradas relevantes para as duas titulações.

As atividades, remuneradas ou não, disponíveis para os alunos de graduação em Física envolvem:

- participação em programa de iniciação científica junto a um pesquisador de uma das seguintes áreas: Matéria Condensada, Nuclear, Óptica, Laser, Teórica, Altas Energias, Interação da Radiação com a Matéria, Ensino, Plasma;
- participação em programas de monitoria e extensão, atendendo a editais de seleção divulgados pelo Departamento de Física;
- participação em eventos regulares promovidos no Instituto de Física.

INSTALAÇÕES ESPECIAIS OFERECIDAS PELO INSTITUTO DE FÍSICA

Biblioteca do Instituto de Física – Informatizada, com ambiente de estudo, e acervo permanentemente atualizado tanto em livros, quanto em revistas e periódicos.
Sala de Computação do Laboratório Didático –
Com onze PC Pentium, e três PC 586, para utilização por alunos de graduação na elaboração de trabalhos escolares.
Sala de Instrumentação para o Ensino –
Com acervo de protótipos de kits experimentais a serem usados em aulas da escola de nível médio e infra-estrutura para a criação de novos materiais didáticos, inclusive softwares.
Videoteca –
Com recursos audiovisuais modernos para aulas especiais, colóquios, seminários etc.

TITULAÇÕES
Bacharel em Física; Licenciado em Física
DURAÇÃO
Mínima de 6 e máxima de 16 semestres

O QUE FAZ O PROFISSIONAL

Bacharel - utiliza instrumental matemático, computacional, mecânico e eletrônico; analisa e verifica novas teorias e modelos surgidos na atualidade.

Licenciado - utiliza embasamento de conteúdo pedagógico, cria e adapta metodologias para propiciar a construção do conhecimento científico pelo alunado da escola de nível fundamental e médio, considerando sua prática docente como uma atividade de pesquisa.

ONDE ATUA

Bacharel - em magistério do ensino superior, centros de pesquisa teórica e experimental, hospitais (radioproteção, radioterapia e medicina nuclear), indústrias que desenvolvam pesquisas em tecnologias baseadas em Física.

Licenciado - em magistério: Ciências (5ª a 8ª série do ensino fundamental) e Física (ensino médio).

ONDE SE LOCALIZA A COORDENAÇÃO DE CURSO

Instituto de Física
Av. General Milton Tavares de Souza, s/nº - 4º andar
Campus da Praia Vermelha – Gragoatá – 24210-340 – Niterói – RJ
Tel: (21) 2620-6735 e (21) 2620-6027 ramal 48 – Telefax: (21) 2620-3881
ggf@vm.uff.br
http://www.if.uff.br

As aulas das disciplinas do curso ocorrem, na sua maioria, no Instituto de Física (Campus da Praia Vermelha) e no Instituto de Matemática (Campus do Valonguinho), sendo que os licenciandos também freqüentarão a Faculdade de Educação (Campus do Gragoatá).

LINKS RELACIONADOS

Instituto de Física da UFF
Niterói

  

VESTIBULAR 2003

Município Sede Código/Sigla Vagas Turno Grupo de Provas na 2ª Etapa Relação C/V Vest 2002
Niterói 42/FISI 80 TN

I (Redação, Matemática e Física)

4,22

Fluxograma das disciplinas do curso - Licenciatura - formato PDF
Fluxograma das disciplinas do curso - Bacharelado - formato PDF

volta

próximo