MEDICINA |
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Médicos para cuidar de gente de carne e osso | ||||||||||||||||||
De todas as profissões universitárias, certamente a de maior glamour é a medicina. Antigamente, o sonho de todos os pais era ter um filho médico, sinônimo de prestígio e garantia de uma carreira profissional bem sucedida. Mas hoje o médico recém-formado precisa conhecer a realidade social do paciente, para avaliar a eficácia do tratamento proposto. Saber onde vive, que problemas sociais enfrenta. Conhecer este personagem de carne e osso, e não apenas decorar os nomes dos ossos. O glamour pode continuar, mas fica em segundo plano. A partir desta premissa, o curso de Medicina da UFF reformulou o currículo em 1999, incluindo atividades que levam os 160 estudantes que ingressam anualmente a se aproximar da comunidade e intensificando a relação entre teoria e prática. De acordo com o coordenador José Carlos Baptista Vieira, professor de Semiologia Médica, as mudanças são o resultado de mais de 15 anos de discussão. - A proposta tenta fazer com que, logo nos primeiros semestres do curso, o aluno tenha alguma experiência prática na rede municipal de saúde, em Niterói. Aquela vivência real, efetiva Ele terá a informação teórico-demonstrativa na universidade, e, ao mesmo tempo, entrará em contato com a rede de serviços médicos do município, para que haja o contraponto entre prática e teoria", explica José Carlos. "Essa talvez tenha sido a grande modificação. Não se inventou uma aula diferente. Apenas os cenários onde ocorrem o aprendizado foram diversificados. O aluno deixou de ter o ensino exclusivamente dentro da universidade, e passou a conviver com outros locais de aprendizagem, que são as unidades municipais de saúde", observa o coordenador, lembrando que a formação voltada para a realidade social é uma tendência nas escolas médicas. Na UFF, o currículo compõe-se de três programas: o Teórico-Demonstrativo, o Prático-Conceitual e o Internato. Os dois primeiros são desenvolvidos simultaneamente durante os primeiros quatro anos do curso. O programa Teórico-Demonstrativo abrange as disciplinas que oferecem a base teórica da formação do médico. O Prático-Conceitual contém disciplinas que vão estreitar a relação entre a prática e a teoria através do contato do estudante com pacientes em unidades de saúde. O Programa de Internato consiste no estágio supervisionado obrigatório no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), durante os dois últimos anos. Paralelamente, desenvolve-se o programa de Iniciação Científica, para orientar o aluno na elaboração da monografia de conclusão de curso. A estudante Mônica Gasperoni, do 10º período, se diz surpreendida com a mudança de ótica do curso. "Eu achava que era uma coisa mais 'profissional', que as relações interpessoais não interfeririam tanto. Aqui desenvolvemos uma relação mais humana. Não é relação médico-doença, mas sim médico-paciente. Ter contato com os doentes é uma das melhores coisas do curso, aumenta a confiança dele no tratamento". Elizabeth Clarkson Matos, professora do Instituto de Saúde da Comunidade, afirma que o currículo enfatiza o contexto social. "É uma tentativa de estudar o indivíduo não só a partir dos pontos de vista anatômico e biológico. Queremos estudar o indivíduo no seu contexto social, com todos os seus problemas psicológicos, emocionais e de percepção." Contando com quatro departamentos _ Saúde e Sociedade, Epidemiologia e Bioestatística, Psiquiatria e Saúde Mental, Planejamento e Gerência em Saúde _ o Instituto de Saúde da Comunidade atende não só aos alunos de Medicina, mas também aos estudantes dos cursos de Veterinária, Nutrição, Farmácia, Enfermagem e Odontologia, entre outros. Pertencem a este Instituto as primeiras disciplinas que iniciam o aluno no trabalho prático nas unidades públicas de saúde do município de Niterói e em comunidades. O curso de Medicina da UFF tem duração mínima de 11 e máxima de 18 semestres, tempo suficiente para o aluno definir seus objetivos na profissão e sua noção sobre o que significa ser médico num país como o Brasil. "O curso é muito puxado. Quem estuda acaba se isolando de amigos e parentes. Mas dentro da faculdade o que influi é o aluno, ele é que tem que correr atrás.", avalia a estudante Mônica Gasperoni. "Você entra para faculdade com uma visão, mas, ao longo do curso, ganha novos conhecimentos, conhece outras especialidades. Eu entrei querendo cirurgia, mas estou estudando coisas novas dentro da faculdade", diz Vinícius Avelar Werneck, do 8º período. O coordenador José Carlos Vieira salienta que a maioria dos calouros, entre os 17 e 18 anos, chega à universidade repleta de expectativas, mas naturalmente imatura. "A idéia que o aluno tem sobre a Medicina muda muito, já que esta profissão traz muita mistificação, por lidar com a vida e com a morte. Então, os alunos chegam aqui bastante imaturos ainda. Aí, vão lentamente tomando contato com esta profissão, que é muito pesada, já que há um contato constante com o sofrimento alheio. É uma grande transformação, quase que um crescimento à força, mas a grande maioria reage bem a esta experiência". Como o candidato ao curso de Medicina concorre com mais de 40 pessoas, muita gente pensa que apenas aqueles que estudaram em escolas particulares estão aptos a ter acesso a uma universidade pública. Mas a história de Erinaldo Araújo Souza, 23 anos, aluno do 9º período, contraria esta visão. Vindo de família pobre do bairro Vila Brasil, em Itaboraí _ filho do porteiro Antônio Severino de Araújo, 52 anos, e da faxineira Maria Beatriz Souza Araújo, 46 anos _ ele saltou do Liceu Nilo Peçanha para a UFF. Erinaldo não pôde dedicar-se apenas aos estudos; teve de trabalhar também. "No início, minha família não acreditava que eu conseguiria passar por um vestibular de Medicina. Meu pai queria que eu trabalhasse. Achava que faculdade era coisa de rico. Meus amigos e vizinhos riam quando falava o que queria fazer, mas eu sempre achei que dava", diz ele, que tentou o vestibular duas vezes e foi aprovado em 1998. "Tive de abdicar de muita coisa nesse tempo. Não saía, estudava o tempo todo, economizava o dinheiro que ganhava para pagar um cursinho aos sábados", lembra. No segundo ano, as dificuldades aumentaram: Erinaldo ficou desempregado. "Era a minha última tentativa. Se eu fosse reprovado mais uma vez teria que desistir do meu sonho", afirma. Ele continuou grande parte dos estudos sozinho, em casa. Nas horas de descanso, buscava emprego, sem sucesso. A dedicação foi recompensada, mas por pouco. "Passei para a UERJ, em Informática e para a Rural, em Veterinária. Fiquei feliz, mas eu queria mesmo Medicina na UFF. Eram 160 vagas, e eu passei em 177º. Mas na primeira reclassificação passei, inclusive para o primeiro período. E então foi aquela festa. Fui o primeiro da família a entrar para a faculdade. Hoje, meus pais me ajudam e eu consigo caminhar com mais segurança. Quando entrei não sabia se conseguiria ficar. Depois comecei a achar que, uma vez aqui dentro, o mundo passaria a conspirar a meu favor. Impossível que alguém vendo uma pessoa batalhando não ajudasse", afirma o estudante, que, desde o início buscou alternativas para permanecer na universidade. Conseguiu bolsa-treinamento por um ano e meio no Laboratório de Patologia do HUAP e foi monitor em Virologia. Atualmente no 9º período, Erinaldo faz planos quanto à especialidade que deseja seguir. Quer Cirurgia, e já luta para realizar o sonho. Acompanha uma equipe de cirurgiões em clínicas de São Gonçalo. E começou em janeiro um estágio na emergência do Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio de Janeiro. Em toda a sua trajetória, Erinaldo destaca a ajuda de pais e amigos. "Não conseguiria isso tudo sozinho. É preciso lutar muito e conhecer pessoas dispostas a apoiá-lo".
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OBJETIVOS DO CURSO |
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Formar profissionais - médicos generalistas ou especialistas - capazes de atender às necessidades básicas da população, no desempenho de tarefas de promoção, prevenção, cura e reabilitação, valorizando, em todos os casos, a interação Homem/Meio Ambiente e a formação clínica geral do médico. | ||||||||||||||||||
TITULAÇÃO | ||||||||||||||||||
Médico | ||||||||||||||||||
DURAÇÃO | ||||||||||||||||||
Mínima de 11 e máxima de 18 semestres | ||||||||||||||||||
O QUE FAZ O PROFISSIONAL |
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De um modo geral, cabe ao médico a "manutenção das condições de saúde individual e da comunidade, através de atividades curativas, executadas estas últimas através de processos clínicos e cirúrgicos". | ||||||||||||||||||
ONDE ATUA |
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Em consultórios particulares, clínicas de saúde, hospitais, postos de saúde, laboratórios, escolas, sistemas previdenciários, instituições científicas e de pesquisas, recreativas, esportivas, industriais, de comércio e magistério. O estágio supervisionado obrigatório (INTERNATO) é realizado no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). | ||||||||||||||||||
ONDE SE LOCALIZA A COORDENAÇÃO DE CURSO |
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Faculdade
de Medicina |
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LINKS RELACIONADOS |
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Faculdade
de Medicina DABT - Diretório Acadêmico do Curso de Medicina Centro de Ciências Médicas - CCM Hospital Universitário Antônio Pedro - UFF Departamento de Patologia - UFF Disciplina de Cirurgia Gastroenterológica - UFF DST - Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis - UFF Instituto de Saúde da Comunidade - UFF Garantia da Qualidade de Medicamentos e Farmoquímicos - Projeto da Faculdade de Farmácia Faculdade de Nutrição UFF Associação Paulista de Medicina IBMR - Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação Centro de Ciências da Saúde - UFSC Niterói |
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VESTIBULAR 2003 |
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