FARMÁCIA

Nova mentalidade ultrapassa barreira do balcão

O curso de Farmácia da UFF prepara-se para uma reforma curricular a fim de adequar o ensino às novas diretrizes aprovadas pelo Ministério da Educação. Segundo a coordenadora Maria Cláudia Novo Leal Rodrigues, o debate sobre modificações no currículo vem desde 1996, antes da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases. As novas metas incluem a mudança de mentalidade dos universitários e o desafio de mostrar que o profissional graduado não se restringe a um atendente, vestido de branco, do outro lado do balcão da farmácia.

"Não basta fazer uma reforma curricular no papel. Se todo corpo docente e a própria instituição não forem envolvidos, não se consegue. Vai ser o mais difícil, porque o que a gente vislumbra é uma mudança de mentalidades", afirma a coordenadora.

O currículo em vigor prevê a conclusão do curso em, no mínimo, nove semestres e em 14, no máximo. Ao final, o estudante gradua-se em Farmácia Industrial e pode, no último período, pedir permanência de vínculo e cursar uma das habilitações disponíveis - Farmácia Bioquímica/ Ênfase em Alimentos ou Farmácia Bioquímica/ Ênfase em Análises Clínicas - em dois períodos, no mínimo, e quatro, no máximo.

Os nove períodos dividem-se entre os chamados ciclo básico e ciclo profissional. O básico corresponde aos primeiros cinco períodos, em que os estudantes travam contato com matérias como Química, Biologia, Matemática, Física. As disciplinas deste ciclo são ministradas em diversas unidades da UFF: nos institutos de Química, Biologia, Matemática e Biomédico, no Valonguinho, e no Instituto de Física, na Praia Vermelha. No ciclo profissional, a partir do 6º período, o aluno aplica o conhecimento adquirido dessas áreas no universo dos medicamentos - da produção até o controle de qualidade - em disciplinas realizadas, em sua maioria, na Faculdade de Farmácia, na rua Mário Viana, no bairro de Santa Rosa.

A coordenadora Maria Cláudia Rodrigues identifica os problemas enfrentados pelos estudantes. "O aluno do ciclo básico não sabe o que é o profissional farmacêutico. Ele precisa saber, ainda que de forma inicial, teórica. Ele deve ter contato com as áreas da profissão, com as possibilidades de trabalho que pode desenvolver. Além disso, esse aluno precisa entender a relação entre o que estuda e os conteúdos já vistos e perceber que num futuro próximo, seja daqui a um ano ou um semestre, vai precisar daqueles conhecimentos", explica.

O ponto fundamental da reforma curricular prende-se à mudança de mentalidade. "A proposta prioriza uma visão humanista. O currículo atual do curso de Farmácia é muito tecnicista; consagra a idéia de que o farmacêutico é o profissional do fazer, aquele ligado à tecnologia de ponta, que está sempre aprendendo a lidar com equipamentos novos nas indústrias farmacêuticas. Mas ele tem de conciliar a noção do processo de fabricação e de controle dos medicamentos e os subsídios para orientar a população sobre a utilização correta desses fármacos", explica Maria Cláudia.

Essas alterações implicam uma forma mais independente de encarar o processo ensino-aprendizagem. "O aluno tem de saber buscar o conhecimento sozinho, o que exige uma mudança na maneira de os docentes enxergarem o aluno. O conhecimento está ai, na internet, para quem quiser pegar. O professor tem de saber que o aluno vai trazer uma informação que ele pode desconhecer e precisa aprender a lidar com isso. Essa vai ser uma das dificuldades: fazer com que o professor se veja mais como orientador do que como aquele que apenas transmite conhecimento", observa a coordenadora do curso.

As conseqüências também vão refletir-se no campo de atuação do farmacêutico. Os alunos destacam o amplo leque de opções do profissional, mas deixam de lado uma área tradicional de trabalho: as farmácias comerciais. "As pessoas não sabem o que o farmacêutico faz. Elas acham que a gente vai trabalhar no balcão, mas há muitas opções", diz Thiago Silva Torres, 22 anos, do 5º. período.

A estudante Juliany Santos Bisi, 22 anos, do 7º período, considera a diversidade de disciplinas muito grande. "Você passa a ver farmacêuticos atuando em áreas inesperadas. Então descobre que o farmacêutico não é o cara que só trabalha atrás do balcão ou no laboratório", explica. Luciana Souza Nascimento, 21 anos, do 5º período, reclama do desconhecimento da população sobre o papel do farmacêutico. "Trabalhar em balcão de farmácia é minha última opção. Geralmente quem faz esse trabalho quer ganhar algum dinheiro enquanto procura outras coisas. A população não usa o farmacêutico. Ou o faz de médico, pedindo indicações de remédios ou o faz de balconista", afirma a aluna.

A coordenadora Maria Cláudia Rodrigues afirma que o currículo precisa fortalecer o papel do farmacêutico que trabalha nas farmácias comerciais. "O aluno que está saindo do curso entende que este profissional está em uma posição inferior, o que não é verdade. O farmacêutico que atua na farmácia não é valorizado, nem por ele mesmo. O papel deste profissional tem de ser resgatado, e isso tem de ser feito dentro da faculdade, durante sua formação. Problemas como remédios falsificados poderiam ser identificados com a presença de um farmacêutico na farmácia", afirma.

Maria Cláudia cita a falta de espaço como um problema que exige uma solução rápida, para não prejudicar a avaliação do curso. "A faculdade de Farmácia não cabe mais nessas instalações. Temos quase 700 alunos e destes 300 cursam disciplinas aqui. Como acomodar estes alunos em quatro salas de aula e um auditório, sem contar os alunos da pós-graduação, da habilitação Ênfase em Alimentos e dos cursos de Química e Nutrição?"

Uma das mudanças previstas pela LDB é a flexibilização do currículo, que significa considerar a participação dos estudantes em atividades como estágios, monitorias, iniciação científica, extensão, participação em congressos e outros eventos como parte de sua formação efetiva. O currículo atual estabelece duas disciplinas no último período - Estágio Supervisionado I e Estágio Supervisionado II - nas quais o aluno exercita tudo aquilo que já aprendeu. Esta prática é realizada em indústrias conveniadas com a faculdade e na farmácia do Hospital Universitário Antônio Pedro.

Há ainda outros locais para estágios extracurriculares, como a Farmácia Universitária, que atende, em média, 20 alunos por período. A farmácia, localizada na rua Marquês do Paraná, em frente ao Hospital Antônio Pedro, vende tanto remédios de fabricação própria como os produzidos por laboratórios oficiais a preços inferiores ao mercado.

O Laboratório Universitário Rodolpho Albino (LURA) sofre atualmente um processo de reestruturação interna, para atender às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com a qual o laboratório estabeleceu um convênio. O objetivo da reestruturação é tornar o LURA apto a realizar o controle de qualidade de medicamentos não só para a ANVISA como para outros laboratórios. O convênio permitirá que o LURA obtenha recursos para melhorar as condições físicas dos laboratórios e, assim, voltar a oferecer estágios aos alunos.

Texto integrante da Revista Acesso UFF
(parte integrante do Kit Vestibular UFF 2003)

OBJETIVOS DO CURSO

Formar profissionais, na área de Ciências Farmacêuticas, capazes de desenvolver pesquisa e atuar tecnicamente nas áreas de: dispensação e manipulação de medicamentos, gerenciamento de farmácias (comercial, pública e hospitalar), produção e controle de qualidade de medicamentos e cosméticos, desenvolvimento e execução de análises clínicas e toxicológicas, produção e controle de qualidade de alimentos.

Todos os projetos de pesquisa e extensão da Faculdade de Farmácia têm a participação dos alunos do curso. A Faculdade de Farmácia realiza projetos nas áreas de desenvolvimento de fármacos, fitoterápicos, cosmetologia e de alimentos.

Como campo de atuação para os projetos de pesquisa, extensão e estágio nas áreas de Farmácia, a UFF oferece os laboratórios de pesquisas da Faculdade de Farmácia, a Farmácia Universitária, os laboratórios de análises clínicas, banco de sangue e farmácia do Hospital Universitário Antônio Pedro e o Laboratório Universitário Rodolpho Albino.

A UFF mantém diversos convênios com indústrias, instituições públicas e particulares, que oferecem estágios aos alunos do Curso.

TITULAÇÃO
Farmacêutico
DURAÇÃO

Habilitação em Farmácia Industrial: mínima de 9 e máxima de 14 semestres
Habilitação em Farmácia Bioquímica/Ênfase em Alimentos (1ª opção): mínima de 11 e máxima de 18 semestres
Habilitação em Farmácia Bioquímica/Ênfase em Análises Clínicas (2ª opção): mínima de 11 e máxima de 18 semestres

O QUE FAZ O PROFISSIONAL

O Farmacêutico exerce suas atividades em farmácias comerciais e hospitalares, controlando, dispensando e manipulando medicamentos (alopáticos, homeopáticos e fitoterápicos). O Farmacêutico Industrial atua nas indústrias, exercendo suas atividades no desenvolvimento de novos produtos, na produção e controle de qualidade de medicamentos e cosméticos. O Farmacêutico Bioquímico (ênfase em alimentos) atua na produção e controle de qualidade dos alimentos "in natura" e industrializados. O Farmacêutico Bioquímico (ênfase em análises clínicas) realiza análises para o auxílio de diagnósticos, análises do ambiente de trabalho e análises toxicológicas. O Farmacêutico atua ainda em áreas afins como na pesquisa, desenvolvimento, produção e controle de qualidade de produtos biológicos imunoterápicos, soros, vacinas, derivados de sangue, medicamentos e insumos para uso veterinário, inseticidas, radioisótopos e radiofármacos.

ONDE ATUA

Em farmácias comerciais, públicas e hospitalares, indústrias de medicamentos, cosméticos e alimentos, laboratórios de análises clínicas, empresas comerciais e industriais, saúde pública, laboratórios de homeopatia, magistério superior e centros de pesquisa.

ONDE SE LOCALIZA A COORDENAÇÃO DE CURSO

Faculdade de Farmácia
Rua Mário Viana, 523 – Santa Rosa – 24241-000 – Niterói – RJ – Tel.: (21) 2711-1012 -
mgf@vm.uff.br

No ciclo básico as disciplinas são ministradas em diferentes unidades da Universidade: Institutos de Matemática, Física, Química, Biomédico, Biologia. No ciclo profissional a maioria das aulas é ministrada na Faculdade de Farmácia. Em relação às habilitações, a Bioquímica, ênfase em Alimentos, tem suas aulas ministradas na Faculdade de Farmácia e a Bioquímica, ênfase em Análises Clínicas, no Departamento de Patologia situado no prédio anexo ao Hospital Universitário Antônio Pedro.

LINKS RELACIONADOS

Garantia da Qualidade de Medicamentos e Farmoquímicos - Projeto da Faculdade de Farmácia
Centro de Ciências Médicas - CCM - UFF
Hospital Universitário Antônio Pedro - UFF
Departamento de Patologia - UFF
Disciplina de Cirurgia Gastroenterológica - UFF
DST - Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis - UFF
Instituto de Saúde da Comunidade - UFF
Niterói
  

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