Lembrar
que Deus foi o primeiro arquiteto do universo já é lugar comum, mas
será que ele encontraria uma prancheta e um ambiente para trabalhar nos
dias de hoje? Certamente dependeria de sua formação universitária e
das demandas para reconstrução do mundo.
Muita gente refere-se ao curso apenas como arquitetura. Mal sabem que o
urbanismo não representa um mero complemento ao título da graduação.
Longe disso. A UFF foi uma das primeiras faculdades a incluir
disciplinas urbanísticas em sua grade curricular.
O arquiteto e urbanista tem uma visão coerente da realidade brasileira
e de seus problemas. Vê as cidades, o meio urbano de forma integrada. A
arquitetura deixa de ser compreendida isoladamente, dissociada do
processo urbano. Por isso, a UFF investe maciçamente nos estudos
urbanísticos, que acabam transformando-se na tônica do curso.
A Escola de Arquitetura e Urbanismo habilita o profissional a trabalhar
com projetos de edificações residenciais, escolares, hospitalares,
industriais e outras construções especiais. O profissional também se
torna apto a lidar com restauração, paisagismo e preparação de
projetos de instalação e saneamento.
O coordenador do curso, Jorge Baptista de Azevedo, ressalta a
preocupação social inerente à formação acadêmica. "A
arquitetura e o urbanismo mexem com áreas que dizem respeito a qualquer
cidadão. Todo mundo mora numa casa e vivencia sua cidade. Dentro dessa
paisagem, encontramos problemas e muita desigualdade. O curso ajuda a
problematizar estas questões, pensando uma sociedade mais justa e com a
dignidade que o ser humano merece".
O curso da UFF se afastou da discussão puramente estilística,
preocupando-se mais com as necessidades reais da população brasileira.
Essa perspectiva humanizadora se materializa através da atuação da
escola na busca de soluções para a habitação popular.
- Temos duas disciplinas obrigatórias referentes a essa temática. A
teórica trata do problema da habitação popular no Brasil e a outra,
prática, chama-se Projeto de Habitação Popular e é dada no último
período. Também oferecemos disciplinas optativas nessa área,
inclusive uma que analisa as políticas habitacionais implementadas por
diversos governos, explica o professor Jorge Baptista, lembrando que a
faculdade mantém um núcleo de estudos voltado para a habitação
popular _ o Núcleo de Estudos em Planejamento Urbano e Desenvolvimento
(NEPUD).
O coordenador, ex-aluno do curso, faz questão de citar dois mestres
como responsáveis por essa orientação do curso: Maria Elisa Meira
Carneiro, que realizou
um trabalho brilhante na favela do Gato, em Niterói, e o urbanista
Carlos Nelson dos Santos. "Ele era contrário à remoção de
comunidades carentes e sempre foi adepto de dar humanidade ao local onde
as pessoas vivem. A favela não é um problema para a cidade, a favela
é a solução que a população pobre encontra para morar perto de seu
local de trabalho".
Na UFF, o curso de Arquitetura e Urbanismo possui tradição na área de
pesquisa aplicada, buscando entender e diagnosticar o problema para
gerar uma solução adequada. "Esta postura endossa o perfil social
do curso", ressalta o ex-aluno Marcello Gaiani Bragatto, 30 anos,
formado desde 1999.
Bragatto participou do diretório acadêmico e foi colaborador da
Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura (FENEA), o que lhe
deu conhecimento sobre os cursos de Arquitetura nos estados. "A UFF
é a escola com a vertente social mais forte em todo o País, com
ótimos projetos de habitação popular".
Com relação ao campo de trabalho para os arquitetos, Bragatto
reconhece a dificuldade de encontrar obras de grande porte, mas diz que,
devido ao vasto conhecimento adquirido na faculdade, o profissional
formado em Arquitetura e Urbanismo tem um imenso leque de
possibilidades.
-
A construção civil é um mercado difícil no Rio, como em toda cidade
consolidada. O mercado, em obras, é complicado para a gente, pois pouca
coisa se constrói. Há muita reforma. Na área de decoração há muito
dinheiro, mas é um mercado muito fechado. É difícil entrar. Ainda
existe a cenografia e programação visual, áreas que têm atraído
atualmente um bom número de profissionais. O arquiteto sabe lidar com
um pouco de tudo.
O estudante Guilherme Caldas Brito, 26 anos, do 10º período, mostra-se
otimista quanto às perspectivas da profissão. "Vejo
possibilidades de maiores aberturas. Digo isso porque em 2000 saiu uma
lei que regulamenta o estatuto da cidade, impondo padrões e estruturas
urbanas a serem seguidos. Com a entrada em vigor dessa lei em nível
nacional, vai aumentar muito o mercado de trabalho para arquitetos,
engenheiros e urbanistas", prevê o estudante. Perto de se formar,
Guilherme observa que a qualificação dos professores supera as
dificuldades encontradas com instalações e equipamentos. Lembrando-se
de quando ingressou na UFF, diz que encontrou muito mais do que
esperava:
- Tomei conhecimento de uma série de técnicas que quando a gente faz
vestibular, nem tem idéia de que existem. Eu não esperava encontrar
disciplinas como infra-estrutura urbana, por exemplo. Nem imaginava que
fosse me deparar com uma matéria desse tipo. Mas a sua importância é
indiscutível, pois como arquiteto tenho que saber em que a minha obra
vai afetar a cidade como um todo. É preciso ter essa visão global do
que está acontecendo. É por isso que arquitetura e urbanismo se casam
tão bem: vai da menor escala até a maior.
Roberta de Castro Leite, 20 anos, do segundo período, lembra que as
turmas pequenas geram um entrosamento maior entre professores e alunos,
e facilita as constantes visitas a obras, construções antigas, museus
e exposições. Para Roberta, o curso é "puxado", mas
gratificante:
- Temos matérias de desenho a mão-livre e desenho técnico. Dispomos
de aulas de maquete e paisagismo, e aproveitamos a rica variedade de
espécimes vegetais no campus. Aprendemos a expor nossas idéias
no papel com vários materiais diferentes, cada um com sua
peculiaridade. Você pode desenhar com lápis, aquarela, pastel,
hidrocor. Conhecemos várias técnicas. Aqui a gente aprende de tudo.
Desde cálculo até Introdução à História da Arte, passando por
História da Arquitetura e do Urbanismo.
O currículo prevê diversas atividades extraclasse, entre elas viagens
de estudo, que contam créditos obrigatórios e acontecem próximo à
conclusão do curso. "Analisamos centros urbanos que se destacam
como grandes metrópoles ou porque pertencem a uma fase histórica e
econômica muito rica e densa. Já viajamos para São Paulo, Ouro Preto
e Cataguazes. Nessa atividade o aluno percebe a cidade na sua
complexidade. O que ela oferece ao turista e que tipo de comércio e
serviços possui. O aluno faz uma síntese da leitura da cidade
visitada. Depois das diversas teorias tidas ao longo do curso, o aluno
já está capacitado a diagnosticar uma localidade e problematizá-la.
Esse é o objetivo das viagens de estudos, o momento mais aguardado e
festejado pelos estudantes".
Adriana Mansur Galvão, 21 anos, do sexto período, acha que por mais
difícil que esteja a situação, os estudantes que se esforçam acabam
conseguindo espaço. "Aqui você encontra um ambiente totalmente
diferente do colégio. Enquanto lá os professores correm atrás de
você, aqui você tem de ir atrás do que quer. Isso dá muita
maturidade. Vale a pena se esforçar para estudar aqui, pois tenho a
certeza de que estou construindo o meu futuro".
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Habilitar
o aluno para o pleno exercício da profissão de Arquiteto e Urbanista.
Capacitar o profissional para a elaboração de projetos arquitetônicos
de novas construções, com seus diferentes usos, e recuperação de
antigas edificações e conjuntos urbanos, considerando os interesses e
necessidades dos atuais e futuros usuários dos espaços projetados e os
possíveis impactos causados pelas alterações propostas. Desenvolver a
análise crítica sobre edificações e ambientes urbanos e rurais
existentes, baseada tanto na teoria e história da Arquitetura e
Urbanismo, quanto em conhecimentos sobre materiais e técnicas
construtivas. Preparar o profissional para a elaboração de projetos de
paisagismo e projetos urbanísticos para seções urbanas, bairros e
cidades, assim como para o planejamento urbano, metropolitano e
regional.
O
currículo pleno do Curso de Arquitetura e Urbanismo está estruturado
em dois grandes blocos de matérias (de Fundamentação e Profissionais)
desdobrados em disciplinas e no Trabalho Final de Graduação, como
estabelece a Portaria MEC nº 1770/94.
Matérias
de Fundamentação - conhecimentos fundamentais e integrativos de áreas
correlatas: Estética; História das Artes; Estudos Sociais e
Ambientais; Desenho.
Matérias
Profissionais - conhecimentos que caracterizam as atribuições e
responsabilidades profissionais: História e Teoria da Arquitetura e
Urbanismo; Técnicas Retrospectivas; Projeto de Arquitetura, de
Paisagismo e de Urbanismo; Tecnologia da Construção; Sistemas
Estruturais; Conforto Ambiental; Topografia; Informática aplicada à
Arquitetura e Urbanismo; Planejamento Urbano e Regional.
Trabalho
Final de Graduação - avaliação das condições de qualificação do
formando para acesso ao exercício profissional. |