Um túnel flutuante
entre Rio e Niterói
Araújo Neto
ROMA. Chega ao Rio, neste fim de semana, uma missão de homens de negócios
italianos, liderados pelo governador da região da Lombardia, Roberto Formigoni,
com esperança de convencer o governador Anthony Garotinho a assinar um contrato
com a Metropolitana Milanesa (empresa municipal de metrô) para criar uma nova
ligação entre o Rio e Niterói. A alternativa à Ponte Rio-Niterói é o
projeto “Ponte di Archimede”, com a instalação de uma galeria submersa
formada por dois túneis flutuantes de cimento, instalados pouco abaixo do lençol
marítimo, entre a superfície e o fundo da enseada — túneis que seriam
ancorados em pesados blocos de cimento postos no fundo do mar.
Projeto representaria uma economia para o estado
A empresa “Metropolitana Milanese S.p.A.” (Companhia municipal do Metrô de
Milão), idealizadora do projeto, espera convencer Garotinho que, em vez de
escavar um túnel no fundo do mar — como no caso do Euro-Túnel que liga a
França à Inglaterra — a instalação de dois túneis flutuantes representará
uma economia considerável para o governo do estado.
— Porque não será necessário escavar na areia, na lama, na pedra ou no que
se encontrar no fundo da Baía de Guanabara — garante o professor Antonio
Fiorentino, chefe da equipe de projetistas da estrutura flutuante.
O projeto da “Ponte di Archimede”, segundo os italianos, já despertou o
interesse do governo e da Academia de Ciências da China; e dos governos da
Noruega e do Japão. Todo o projeto é inspirado no princípio do grego
Arquimedes de Siracusa, que viveu 200 anos Antes de Cristo. No entanto, ele
ainda hoje é considerado o mais genial dos matemáticos.
O estudo da carta geográfica da Baía de Guanabara tranqüilizou os projetistas
italianos sobre a distância a ser atravessada pelas galerias flutuantes. Pelos
cálculos da equipe, a ligação entre Rio e Niterói será de, no máximo, três
quilômetros.
Galeria preparada para enfrentar até abalos
Também ficaram satisfeitos em constatar que a navegação na baía ocorre num
canal estreito, por onde barcos e navios podem passar. Entre os méritos e
vantagens do projeto da “Ponte di Archimede”, de acordo com seus
projetistas, além do baixo custo, está a capacidade de suportar veículos de
qualquer peso — dos trens aos tanques militares, por exemplo.
Também apontam outros pontos a favor do projeto da estrutura flutuante: ela não
sofreria qualquer abalo ou danos provocados por fatores atmosféricos. Seria,
garantem os autores, invulnerável a ataques terrorismo e incapaz de provocar
desastres ambientais.
Fonte: O Globo on line - 08/03/2002 | |